Um Basta ao Trabalho Escravo
Atualizado: 20 de mar. de 2023
Em 1888, pressionado pela Inglaterra, 0 Brasil foi o último país do planeta a abolir a escravidão. Pode parecer inacreditável, mas 135 anos depois, o Brasil ainda convive com milhares de pessoas tendo de trabalhar e sobreviver em situações análogas ao antigo sistema escravagista no país. A cada dia, novas denúncias surgem e esquemas de exploração escrava da força de trabalho têm sido desmontados pelo Ministério do Trabalho e outros órgãos estatais agora revitalizados pelo atual governo.
O fato é que a escravidão moderna não é apenas ilegal ou imoral. Ela possui uma série de argumentações que vão desde instrumentos de precarização do trabalho tais como a terceirização de mão de obra até o absurdo do endividamento de trabalhadores que têm de pagar por moradia precária, alimentação de péssima qualidade e jornadas de trabalho exaustivas em troca de seu próprio “trabalho” ficando todos eles, assim, reféns de seus “empregadores”. A crueldade dessa lógica de exploração não é apenas hipócrita por parte destes “patrões”. É desumana.
Ela também não se dá apenas no campo ou em cadeias do agronegócio ou em Estados menos privilegiados economicamente. Está presente nas cidades em oficinas clandestinas que não poupam, em ambos os casos, o trabalho infantil e não discriminam sexo ou cor. A escravidão moderna está presente em quase todos os países que sofreram processos de colonização e por vezes, parece ser mesmo uma profunda e antiga raíz do sistema capitalista de produção que não é mais possível aceitar como elemento de lucro e ambição por parte daqueles que detém o poder econômico.
Portanto, se vivemos em sociedade estruturada através do trabalho ou da atividade econômica, não é mais aceitável que tais situações se repitam. Não é mais possível aceitarmos ou fecharmos os olhos para um mundo tão desigual e que desrespeita os princípios mais básicos de “ser” humano. É preciso reverter o atual quadro através de severas punições àqueles que ainda praticam esse tipo de atividade econômica. Trabalho requer direitos, limites e condições que garantam sobrevivência digna a todos e mais do que exigir tudo isso, devemos ajudar a combater qualquer atividade laboral que não proporcione estas questões. Do contrário corremos o risco de estarmos sendo omissos ou coniventes.
Vamos nos manter atentos e utilizar todas as estruturas possíveis . Sindicatos, Igrejas, Câmaras Municipais ou quaisquer outras instâncias de representação pelos direitos humanos, para denunciarmos a exploração do trabalho escravo e precário. Essa é nossa obrigação mínima enquanto pessoas que lutam e sonham por uma sociedade mais justa e igualitária.
Eliseu Silva Costa
Presidente da Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo
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